quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Fuerza Bruta. Keep walking.

About dreams, travels, nostalgia, suffering, fulfillment and peace of mind.

Depois daquela noite de espera no aeroporto de Cancun, voei para Miami e logo apos para NY. Voltei para NY. A ultima lembranca que eu tinha daqui era de muito frio e muito vento mas quando eu cheguei, na quarta-feira, 29/09, era o Calor quem estava presente. Times Square lotada sempre, a qualquer hora do dia, e as pessoas andando tranquilas, sem a pressa que havia antes para se esconder do frio. Acabei me hospedando num hostel no Brooklyn porque os que eu queria ficar em Manhattan pediam um minimo de seis noites e eu ficaria apenas cinco. Eu nao sabia naquele momento que essas cinco se transformariam em sete e que teria sido melhor ter ficado in the city de uma vez. Ja na sexta-feira o tempo mudou radicalmente e comecou a fazer frio, muito frio, e a chover bastante. Foi ai que eu descobri que prefiro NY no inverno, apesar da baixa temperatura, ou que NY no inverno me traz melhores lembrancas. Passei esses dias revendo amigos e visitando lugares que eu gostava de ir quando estava aqui. Nao sei se foi a readaptacao ou o calor, e a quantidade enorme de pessoas, mas ate quinta eu ainda nao estava me sentindo como antes, porem, com a mudanca de tempo, e a consequente queda no numero de pessoas nas ruas, eu voltei a me dar conta do quanto eu gosto desse lugar. Vi dois espetaculos, um com quatro excertos de pecas de danca de diferentes companhias, incluindo uma brasileira, que foi bem bacana, e outro que chama Fuerza Bruta, que eh meio dificil de explicar o que eh ou do que se trata mas que foi uma das melhores coisas que eu ja vi no teatro. Eh fisico, poetico, magico, visualmente desafiador, overwhelming. Os ingressos custam US$ 75, contudo, com uma pequena pesquisa eu descobri que duas horas antes do espetaculo eles vendem 20 lugares por US$ 25 e eu esperaria mais uma vez por uma hora e meia na fila e na chuva, over and over again. Foi fantastico. Fiquei muito feliz de estar de volta, muito. Porque NY vai ser sempre um lugar especial. Foi aqui que ha tres anos eu comecei essa jornada que se estendeu (sim, eh com "s"!) ate hoje, apesar das minhas voltas ao Brasil. Nesse periodo, foram quatro continentes, diversos paises e muitas cidades. E a verdade eh que eu mentiria se falasse que nunca imaginei que iria a tantos lugares porque eu nunca me limitei no que diz respeito a sonhos e porque eu ja havia visitado repetidas vezes todos eles, ainda que eu nao estivesse la, de fato. De coatchecker e bartender em NY a peao de vinhedo, empacotador de kiwi, operario de fabrica de batata frita e garcon na Nova Zelandia, tripulante de navio no Atlantico, Abercrombie associate no Hawaii e professor no Vietna, eu pude conhecer muitas coisas e tambem descobrir algumas das profissoes que eu definitivamente nao gostaria de ter por muito tempo. Contudo, como diria um grande amigo, viajar tambien es sufrir, e, ahh, o sofrimento tambem esteve presente. Me desesperei, me arrependi e me censurei porque afinal de contas todas as dificuldades que surgiram foram inicialmente criadas por mim, porquanto fui eu que, voluntariamente, decidi comecar a viajar. Mas eh que eu ja sabia, desde antes, que depois de um tempo as coisas se transformam e aquilo que nao foi bom se esquece, se ameniza, fica engracado, e no final eh so o magico que permanece. O resultado eh que no meu vicio, meu bau de lembrancas, nostalgias e historias inventadas, eu pude acrescentar varios volumes que eram necessarios. Eles documentam os lugares que eu visitei, as culturas que pude experimentar, os cheiros que me marcaram, as cancoes que tocaram, as pessoas que tive a sorte de encontrar nesse periodo e com as quais eu aprendi e compartilhei muitas coisas. E, so por desafio, esses volumes se transfiguram, ainda que novos, em paginas antigas e amareladas, para saber ate onde vai a minha determinacao de relembrar tudo o que aconteceu. Apesar de saber que eu estarei entre aqueles que amo, voltar ainda eh um pouco assustador para mim. Eh que eu me acostumei a carregar a minha vida em uma mala, em uma pequena mala, e a estar pronto para partir a qualquer momento, para aonde quer que seja, porque eh disso que eu preciso, do novo e de estar em movimento. As vezes eu acho que nao poderei visitar todos os lugares que quero, nem escutar as musicas ou ler os livros que me despertam interesse e nem passar tempo bastante com as pessoas que gosto. E quando eu penso nisso eh tao angustiante que fica dificil respirar. Todavia, simultaneamente, esse sentimento traz novos ares e novo animo (a)aquele que anda de maos dadas com a melancolia e que deseja, com aquela angustia de fome de carne cantada pelo Alvaro, por momentos de perder o folego. Eu espero, de coracao, que voces tambem tenham desfrutado dessa viagem. Apesar das postagens nao serem tao frequentes quanto eu gostaria, elas dependeram de bastante trabalho e vinham sempre acompanhadas de suor, lagrimas, autoexposicao e da exigencia de poder organizar meus pensamentos e relata-los da maneira mais coerente possivel. Ainda que existam erros, como bom obsessivo, cada post foi lido e relido varias e repetidas vezes, ate que eu achasse que eles estavam prontos para serem publicados. Porque eles sao a minha versao, o meu relato romantico para o futuro, com os seus maus mas, principalmente, bons momentos, de parte do que aconteceu nesse periodo. A verdade eh que, com o meu costume de sempre antecipar mentalmente tudo, eu ja havia me imaginado inumeras vezes escrevendo esse post, mas hoje, nesse exato momento, com as minhas malas aqui do meu lado no aeroporto, pronto para voltar para casa e tranquilo, apesar de ter sido necessario adiar quatro voos essa semana, de precisar passar outra noite no aeroporto (again!) e de nao saber exatamente a que horas eu saio daqui, o que eu consigo pensar eh que tudo valeu a pena, valeu muito a pena, que eu fiz o que eu queria fazer, o que eu tinha de fazer e que talvez eu tenha me tornado um pouco mais do que eu quero ser. Peco desculpas de antemao por qualquer estranhamento inicial, mas eh que as vezes eu demoro a voltar, mesmo quando ja estou ai. Mais uma vez, obrigado a todos pelo carinho, pelos bons pensamentos, tao fisicamente perceptiveis, pelo incentivo e pela presenca constante. Mamae, you already know it but it is never too much stating it again, obrigado por ser quem voce eh.

Beijo enorme!

Fiquem com Deus!

I'll see you in my next destiny.